Geralmente as Academias de Letras são
"museus" onde se guarda uma literatura qualificada, mas em grande parte obsoleta e
com aparência mais de "morta" que de viva, apesar de seus imortais. Digo
isso porque a Língua é e deve ser a prática dos falantes nos seus mais variados
modos, sejam eles histórico, socioeconômico ou geográfico. E muitas vezes essa
função da Língua é minimizada por boa parte dos eternos acadêmicos, sobretudo
aqueles que norteiam a escrita por uma concepção "Parnasiana" da
comunicação em detrimento de uma praticidade linguística do Modernismo de
Oswald de Andrade, por exemplo.
Felizmente não foi isso que tive a oportunidade de
ver ontem, nas dependências da Sociedade Semear, em Aracaju, por ocasião do 3º Encontro
Sergipano de Escritores. Com participação das várias Academias de Letras existentes
hoje, em Sergipe, o evento contou com muitos escritores de diversas correntes
linguisticas e gêneros textuais, demonstrando que a Literatura popular
é forte e que as Academias podem e devem ser vivas, de forma a cumprir um papel
socioeducativo na construção da prática leitora, e não apenas formal.
A Literatura que vi no dia de ontem foi algo oriundo das raízes
populares. Foi um encontro frutífero que já chegou às escolas através do membro
da Academia Sergipana de Letras Domingos Pascoal, em suas inúmeras visitas por
todo o interior do estado. Foi uma produção viva, capaz de captar hábitos,
costumes, histórias e estórias de um povo no seu prático e sofrido/alegre cotidiano. Uma
Literatura simples e pragmática.
Parabéns a todos que de uma forma ou de outra idealizaram
e colocaram em prática a produção literária que se vê hoje no estado. Se no
final do século XX tivemos o Milagre Econômico, hoje temos o "milagre
literário" em Sergipe, principalmente em Itabaiana, com o advento da
Bienal.
Prof. João Mendonça
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