De forma tranquila, mas curiosa, venho observando vários discursos ao longo dos últimos meses, sobretudo acerca da "política" de Itabaiana "Grande", tanto aqui nas redes sociais quanto no rádio. Como linguagem e ideia caminham juntas, pode-se afirmar que o discurso é um dos aspectos materiais da ideologia, constituindo, assim, uma espécie pertencente ao gênero ideológico. E todos os discursos, sejam proferidos por qual instituição ou indivíduo for, são constituídos de ideias intencionalmente designadas para o convencimento dos ouvintes ou leitores.
O discurso pode ser analisado de duas formas ou linhas de extensão, quais sejam a linhagem sintática e a semântica. São justamente os discursos fontes de pesquisas para historiadores, já que esses discursos constituem pedaços históricos da humanidade e refletem o comportamento e atitudes do ser humano na convivência em sociedade em determinada época.
Pois bem! Voltando ao início dessas considerações - de forma a fazer uma análise semântica dos discursos que podemos ler ou ouvir - pode-se perceber que a "ideologia" neles subjacente é algo interessantíssimo para um bom estudo sobre a retórica de seus escritores ou falantes.
Ao comparar discursos de antes das eleições municipais (2012), por exemplo, com discursos dos primeiros meses de 2013, é possível notar diferenças de posicionamento e "ideologia" acerca dos mesmos assuntos outrora discutidos e comentados, possivelmente por ter mudado o ângulo de visão desses assuntos.
Por exemplo, O 2 que antes era 5, agora passa a ser 2 mesmo; já o 2 que era 2 mesmo, agora passa a ser 5. E olhe que nem um nem outro falante/escritor estava ou está errado, todos estavam e estão certos, ou seja, o discurso de todos é fundamentado. E é justamente aqui que entra o fator intencionalidade do enunciador, quais sejam os objetivos e o público-alvo a serem atingidos. Aqui a "ideologia" é o carro-chefe desses discursos; e todos nós sabemos que ideologia no Brasil é algo a ser praticado de forma conveniente: é a ideologia de conveniência. Por isso tanta mudança de "ideologia" nos discursos.
Numa conjuntura mais profunda, o discurso reflete seu falante, resaltando suas origens, seus valores morais e sociais e, até mesmo, seu grau de instrução, ou seja, o discurso é o espaço da materialização das formações ideológicas dos falantes. A idologia é um sistema de ideias interdependentes, sustentadas por um grupo social de qualquer natureza, as quais refletem e defendem os próprios interesses e compromissos (morais, POLÍTICOS, religiosos ou econômicos). E nada mais natural que, como seres humanos, recorramos à linguagem (discurso) para expressar nossos sentimentos, opiniões e "ideologias".
Dessa forma, posso relembrar um diálogo entre dois figurões da política brasileira (que sinceramente não lembro mais os nomes) quando na ocasião de um debate, não conseguindo chegar a um consenso, um deles falou para o outro: "fica então claro que eu estou certo e você não está errado".
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